quarta-feira, 17 de julho de 2013

RESENHA: O Oceano no Fim do Caminho


 
“Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.
Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.”

 

Em meu primeiro contato com o aclamado autor Neil Gaiman, eu esperava um bom livro, e acabei lendo uma ótima história.

“O oceano no fim do caminho” começa como uma história qualquer sobre a infância de uma criança de interior, uma garoto solitário, apaixonado por livros e cheio de sonhos. Uma criança que muitos de nós já fomos um dia. Mas após um acontecimento trágico e inusitado, coisas inesperadas acontecem, e somos inseridos em uma fábula fantástica, capaz de cativar e prender atenção de crianças e adultos de todas as idades.

O protagonista é um garoto tímido, solitário, mas inteligente, leitor voraz e cheio de vida. Vivemos sua descoberta da amizade, seu medo e sua coragem.  Acompanhamos com angústia seus momentos aparentemente comuns, como a retirada de um bicho de pé, que pode significar muito mais do que parece.

A ultima casa da rua, onde ele conhece a apaixonante Lettie Hempstock e suas, não menos interessantes, mãe e avó, é um porto seguro, um lugar que qualquer um gostaria de ter para se esconder da maldade do mundo que nos cerca. Ali, o protagonista entra de cabeça em um universo mágico, fantástico, instigante e assustador. Lettie é uma menina cativante, madura e sábia, o tipo de amiga que todo garoto “diferente” quer ter. É ela que lhe apresenta o Oceano que, apesar de ocupar o ínfimo espaço de um lago ao fundo da fazenda das Hempstock, nos leva por mares nunca dantes navegados por meros mortais como nós.

A história mistura em nossa mente o real e o imaginário, e no final das contas, isso realmente não importa. O que fica dessa deliciosa leitura são valores como a amizade, justiça, sacrifício e gratidão.

Depois de conhecer o trabalho de Neil Gaiman, sei que tenho muito trabalho pela frente, pois me vejo na obrigação de devorar toda sua obra.

Leia abaixo um trecho do livro e não continue, se for forte o bastante.

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