O nerd se superou.
Em “Anjos da Morte”, o
segundo tomo da série “Filhos do Éden”, Eduardo Spohr mostrou que não é apenas
um nerd, mas, sim, um nerd Jedi, e
ainda mais que isso, um escritor de mão cheia, capaz de transitar em diversos gêneros
sem se perder.
O livro acompanha a
trajetória de Denyel como anjo da morte, enquanto, em paralelo, narra os
acontecimentos no presente, onde Kaira, Urakin e Ismael viajam à procura da
ultima cidade Atlântica. No entanto, aqui vemos o inverso do que temos nas
outras obras do autor, onde a história principal se passava no presente (ou em
um futuro próximo) e acontecimentos passados eram mostrados em forma de flash back’s. Em “Anjos da Morte”, é no
passado que se desenvolve a história principal, enquanto os acontecimentos
presentes acontecem em paralelo, garantindo a ligação entre os três livros
(suponho).
Com “A Batalha do Apocalipse”,
Spohr já mostrara a que viera, apresentando uma obra fantástica, rica em
conteúdo histórico, com um universo próprio e original, apesar das claras
diversas influências. Contudo, eram livros, predominantemente, de fantasia. Com
“Anjos da Morte”, o autor atravessa um novo limiar, em um projeto ambicioso e
arriscado, e, felizmente, muitíssimo bem sucedido.
Toda a atuação de Denyel nas
guerras apresenta uma realidade crua, sangrenta e extremamente realista. Descrições
magistrais fazem o leitor imergir na realidade brutal da guerra, a ponto de
ouvir os disparos, sentir a lama sob os coturnos, o cheiro de morte, de corpos
dilacerados e carne podre queimada. Temos diálogos fluidos e naturais,
infinitamente mais eficientes e verossímeis que em qualquer outra obra de
Spohr.
Quando Denyel deixa as
guerras, entramos em uma nova história, num thriller de espionagem competente,
repleto de tensão e violência, com um protagonista dividido entre sua própria
natureza, dilemas morais, sentimentos predominantemente humanos e até mesmo uma
perigosa e irresistível femme fatale.
E para quem se pergunta: Onde estão os anjos e o universo mitológico
adorado pelos nerds de plantão? Desafiando os limites de um escritor, está
tudo lá. Não apenas na trajetória de Kaira em sua busca inabalável, mas também
na de Denyel, mesclada à sua existência mundana, em uma dicotomia perturbadora
que permeia toda a trajetória do protagonista.
E o que dizer das
referências, tantas e tão bem colocadas. Seja em filmes clássicos que Denyel
assistia solitariamente em reprises nas salas de cinemas, seja nas canções que
marcaram as décadas, seja em uma citação sensacional à obra prima de Mario Puzo.
“Anjos da Morte” é um livro
que te leva por florestas escuras à procura do inimigo; te leva à se esgueirar
por ruelas perseguindo um alvo; te leva a amar e odiar uma mesma mulher; te
leva a querer colecionar armas de fogo; a voltar no tempo e testemunhar a queda
do muro de Berlim.
E quem esperou meses a fio
pela chegada de “Anjos da Morte”, segure sua ansiedade, pois a espera por “Paraíso
Perdido” será ainda mais angustiante. Economize suas unhas, pois não serão suficientes.
Tranque-se em sua casa segura e exercite sua paciência. Eduardo Spohr abranda
nossa ansiedade com um excelente epílogo, que apesar de aumentar a sede por
mais, amaina um pouco o anseio pelo Livro 3.
No entanto, se, antes que “Paraiso
Perdido” chegue às livrarias, se algum acidente me acontecer, se por acaso um
dia eu estiver dirigindo e meu carro se chocar contra um poste, se eu estiver
na rua e for atingido por uma bala perdida ou mordido por um cão raivoso e
morrer, terei que culpa-lo, Senhor Spohr, e meu fantasma ficará preso à Haled, até que o tomo esperado chegue às
minhas mãos.
Por fim, se você gosta de literatura
fantástica, leia. Se você gosta de livros sobre a guerra, leia. Se você prefere
história de espionagem, com perseguições e tiroteios impressionantes, leia. Se
você não gosta de anjos, leia, pois “Anjos da Morte” não é sobre anjos, é sobre
pessoas.
Chegando ao fim da leitura
eu me perguntei: Você mudaria algo nessa
obra? E a resposta foi: sim, mudaria. Apagaria o nome do autor e
preencheria com o meu, pois “Anjos da Morte” é um livro que qualquer escritor
gostaria de ter escrito.
Veja abaixo entrevista com o autor:
Eduardo Spohr, Anjos e Guerras - sai o terceiro livro do ídolo nerd pela Verus from PublishNews TV on Vimeo.
Ouça o Nerdcast sobre o livro
Olá! Muito boa a sua resenha! Abraços!
ResponderExcluirQue bom que gostou. Leia tambem as outras postagem do blog.
ExcluirAbraço
Acabei de ler o livro e também fiquei fascinada pela história!
ResponderExcluirSua resenha é muito boa. ^^
Oi adorei.. muito obrigado, amei a maneira que vc usou para descrever essa resenha...me fez se interessar pelo livro....mas vc já leu o livro reverso escrito pelo autor Darlei... se trata de um livro arrebatador...ele coloca em cheque os maiores dogmas religiosos de todos os tempos.....e ainda inverte de forma brutal as teorias cientificas usando dilemas fantásticos; Além de revelar verdades sobre Jesus jamais mencionados na história.....acesse o link da livraria cultura e digite reverso...a capa do livro é linda
ResponderExcluirwww.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?