segunda-feira, 1 de julho de 2013

RESENHA - A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS




Sinopse (by skoob): A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.

 


Uma história comovente, divertida e sinceramente linda. A menina que roubava livros é um livro único, narrado de forma singular e sensível. Markus Zusak consegue contar uma história pelos olhos da morte e, ainda assim, não ser mórbido, o que por si só já é um grande feito. Mas isso é apenas o começo de algo especialmente fantástico.

Liesel é uma personagem apaixonante, uma menina inteligente, carismática e sensível, que transpõe obstáculos pedregosos com uma força ímpar. Sua trajetória e seu crescimento são retratados de forma magistral, fazendo com que o leitor se sinta dentro da humilde casa dos Hubermann.

A relação com os pais adotivos se desenrola de uma forma especial, onde somos conduzidos por um barqueiro deveras experientes nos mares revoltos de uma Alemanha nazista. O modo como entendemos a ternura por trás da cobertura áspera da mãe e como nos sentamos na cama enquanto o pai nos ensina novamente a ler enquanto toca suavemente seu acordeão é uma viagem aprazível, apesar dos horrores cometidos por Hitler.

O desfile de personagens, cada um com suas singularidades, é deveras rica e nos integra àquele universo de forma natural. Conhecemos cada um deles e vivemos uma pequena porção de suas vidas. A amizade amorosa com um garoto com cabelos de limão e um beijo jamais concedido; a amizade conturbada com uma primeira dama atormentada; a relação com um boxeador judeu, e um fascínio inexplicável por livros e pela arte de roubá-los.

Cada capítulo do tomo é leve e ao mesmo tempo denso, tratando de uma forma ímpar a segunda guerra. Liesel vive uma vida inteira em apenas alguns anos, e se torna uma grande mulher bem antes da hora.

As reflexões da narradora em torno de seu solitário ofício são uma peça a parte, não menos comovente, e não menos interessante. Dando um tom humano a algo mórbido e mítico.

A escrita, abusando de termos em alemão, é envolvente e faz com que um calhamaço de páginas não seja assustador, e sim empolgante, pois, quando chegamos à ultima página, é impossível não querer mais, ao menos um pouquinho. Queremos seguir ao lado de Liesel através dos anos, acompanhar sua trajetória após os horrores de uma guerra brutal e injustificável (como se alguma guerra fosse justificável).

É difícil falar sobre uma obra tão significativa e tão prazerosa. Em meio a risos e lágrimas, é impossível não abraçá-la com um de seus livro prediletos. Tudo que posso fazer é pedir encarecidamente que, por favor, leia “A menina que roubava livros”, e depois volte e me agradeça, pois não há como se arrepender. Caso não possa comprar, procure um amigo que o tenha e roube-o.
 
A adaptação para o cinema já está em produção, leia aqui.

4 comentários:

  1. Olá Samuel, postagem divulgada no Portal Teia
    Até mais

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  2. ei Samuel! Adorei a resenha! E o Markus Zusak está com outro lançamento, acho que para esse mês \o/
    Só comemoração!!!

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    1. Brigado. Demorei mas terminei de ler. Agora estou concentrado em terminar Anjos da Morte, o Eduardo Spohr abriu um concurso de resenhas e estou seco pelos premios

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